05 setembro, 2007

Poupar no Papel

Porque a vida era mesmo assim, comecei a trabalhar bem cedo, e logo a ter a oportunidade de conhecer gente que me foi ensinando, entre outras coisas, a ler Jornais. Pouco tempo passado, e estava eu alí na Rua Nova do Almada, a ver Lisboa passar à frente dos olhos, num desfile de vaidades, algumas, e outros ainda que muito me foram uteis na formação, boa e má, porque ambas também conta.

Como me lembro do passeio matinal do Mestre Manta que não deixava de entrar todos os dias no sitio onde eu ia aprendendo a trabalhar.

Morava na Margem Sul, tinha todos os dias o prazer enorme de ler o jornal da tarde, vespertinos assim eram chamados, comprava o Diário de Lisboa na esquina do Tribunal da Boa Hora a minha companhia no barco até Cacilhas, e olhem que nos dias de Tejo agitado, era bem util, sentadinho mesmo no meio do barco para sentir menos a ondulação.

Ficou-me o gosto do papel e do cheiro da tinta, somado ao que ia lendo escrito por gente de ofício, alguns inclusivé tive a oportunidade, se calhar por mim desperdiçada, de privar com eles, um dia vou contar.

Com o andar dos tempos o bicho ficou, mas o gosto não consegue hoje suplantar o que vou vendo, erro meu poderá ser, ler os jormais e as noticias publicadas cansam-me e muito.

Parece que da tesoura e cola, passamos ao "copy-paste", uma noticia num jornal, torna-se noticia em catadupa em todos os outros, mais virgula menos virgula, uma opinião emitida por uma "sumidade de serviço", tem um efeito de eco repetido até à exaustão, por outros "comentadores" ou "opinion makers", fica melhor assim, basta estar atento para verificar.

As centrais de imagem parecem dominar as páginas principais dos jornais, só sucede o que elas determinam, só acontece como elas deixam que seja, até prova em contrário nada mais é noticia, nem que "o homem morda o cão".

Há e tenho provas disso, profissionais que dia a dia devem travar uma luta tremenda para que um jornal seja um conjunto de noticias, de facto, e não um "bloco de encomendas", mas valores bem mais altos se levantam, e esses profissionais devem acabar na agenda do Governo Civil e pouco mais, enquanto os mais novos ou recém chegados vão sendo moldados à novas formas.

Ainda sou do tempo que quando de falava dos caldos de carne, era obrigatório colocar num cantinho uma sigla "pub".

Por isso mesmo ando a poupar no papel, passo os olhos pelas edições online e chega, ou melhor chega e sobra quase sempre.

ps: as tvs seguem a mesma linha claro

2 comentários:

Ninas disse...

eu, de facto, tb me fico pelas edições on-line. mas porque não tenho tempo para mais

samuel disse...

Ok! Então não sou só eu...