31 agosto, 2007

O Comportamento dos Gatos

Li há vários anos num livro sobre o negócio do petróleo à escala mundial, escrito por um Ex-Ministro o seguinte:

"As grandes companhias petrolíferas, quando se encontram comportam-se como os gatos, ronronam entre si e nunca se consegue saber se, se irao acariciar, ou andar à bulha"

Não sei porquê mas, cola-se perfeitamente à novela de um banco que anda por aí, e o diz que diz dos accionistas e administradores de referência, ou com mais "cacau" envolvido.

Que já dá em directo e às 20.00 horas isso dá. Estava a ver que ainda interrompiam o futebol e tudo.

28 agosto, 2007

Em que é que ficamos ??

Hoje de manhã, previsão de temperaturas para Lisboa nos noticiários da manhã:

RTP - 27º/17º
SIC - 30º/18º
TVI - não consegui recolher mas parece-me que igual à RTP

No Site do Instituto de Meteorologia - 27º/16º

Há dias era bem pior, SIC - 25º máxima e RTP com 33º e TVI com 27º (devia ser a média)

Quantos são os fornecedores ??

27 agosto, 2007

Conta-me Como Foi


Tem vindo a RTP a apresentar, mesmo com horários mais ou menos erráticos, uma série adaptada de um original espanhol, designada por "Conta-me Como Foi".

Não vou fazer qualquer consideração crítica, não me acho habilitado a tal, mas a série levou-me de novo a vários sitios e situações. Quem quiser saber mais poderá encontar uma pequena sinopse no site da RTP.

Uma das mais tocantes para mim é a referência ao trabalho de costureira externa, feito um pouco por todo o lado, viviamos no tempo em que a mulher deveria estar em casa a "cuidar do lar", mas como a vida apertava havia que descobrir outra forma de ajudar nas despesas.

O primeiro passo era comprar uma máquina de costura, haviam duas marcas na altura e uma das mais procuradas era a Oliva, vendida a prestações que não quero garantir serem semanais, tinham nalguns casos, quando se resolvia arriscar mais, um motor incoporado em vez do normal pedal. Boas galhetas levei por andar a acelerar no motor lá de casa.

Depois havia que procurar trabalho, ou este já estava acordado nas mais diversas empresas, em especial os grandes armazéns da baixa de Lisboa ou ainda, por ser mais rentável ou mais certo o trabalhar para o Casão Militar, vulgo das Oficinas Gerais de Fardamento e Equipamento.

A guerra consumia a juventude e as sucessivas levas obrigavam a pilhas e pilhas de fardamento, era ver ali na Graça, perto do Campo de Santa Clara, mais propriamente no Outeirinho da Amendoeira onde ficava a fábrica, grupos e grupos de mulheres com os atados de peças prontas para entregar, e na volta, depois de receberem o seu pagamento, penso que era feito na altura, voltarem para casa com outra carga de peças para cozer o mais rápido possível, o ciclo não parava.

Para se ser costureira externa havia que obter um cartão, isso passava por diversas questões burocráticas aliadas a algumas boas ou más vontades. As mais perfeitas , ou melhor relacionadas tinham inclusivé a distinção de fazer os galões, assim se chama o que normalmente designamos por divisas, dos oficiais.

Foram anos e anos de trabalho continuo num misto de Donas de Casa e Costureiras, sem horário nem descanso, sujeitas apenas a uma regra, quanto mais rápido trabalhassem mais ganhavam e mais trabalho traziam.

Não será do conhecimento de muita gente este carreiro de formigas, a tal série da RTP fez-mo lembrar é sempre bom não esquecer, mesmo o que pode ter sido menos bom.

Na busca de alguma informação para este post, dei de caras com este pedaço:

Tribunal Central Administrativo do Sul, 10308/00, Secção:Contencioso Administrativo - 1º Juízo Liquidatário, Data do Acordão:03-11-2005
3)- Não tem direito ao subsídio de aposentação , uma costureira que não se encontrava em actividade à data da entrada em vigor do DL nº 218/76 , já que a mesma deixou de trabalhar , em 02-04-74 , antes do fim da guerra , além de que recebia à peça , indo buscar a obra ao estabelecimento do Exército , e entragando-a , depois de devidamente confeccionada ,e , acabada , não tinha vínculo à função pública .
4)- Não se encontrava ligada ao Ministério do Exército por um contrato de trabalho subordinado , mas por um contrato de prestação de serviço, laborando fora das instalações militares.
Penso que nesta altura a tal série passa aos domingos a partir das 18.00 horas, mas é melhor confirmar.

21 agosto, 2007

O Fado que nos une




O que vou dizer será uma tremenda heresia para os mais puristas, mas tive oportunidade de o verificar.

Para além da lingua Portuguesa, o Fado tem o seu papel de união atravéz dos povos de Lingua Portuguesa, eu conto.

Sendo dado às musicas e afins, durante as minhas andanças por Angola e em especial em Luanda, fui levado por um amigo meu até a um dos diversos sitios onde se cantava fado.

Apresentado ao grupo que cultivava (como se usa dizer), a canção num arremedo de saudade por um lado e gosto de o fazer por outro, acabei por ser integrado no grupo.

Tive assim oportunidade de participar em inumeras cantorias que um pouco por toda a cidade de Luanda iam acontecendo ao acaso dos pedidos ou dos sitios disponíveis.

Eram famosos os serões de Fado Vadio que aconteciam religiosamente às 6ª feiras à noite na Associação 25 de Abril, num edificio espantoso que fica na Baixa da cidade. Tinham esses serões as mais diversas audiências, desde Portugueses radicados, a Angolanos que não perdiam uma, de entre estes, era normal encontrarem-se por vezes altos dirigentes de Angola, ou quando sucedia acontecer a FILDA, Feira Internacional de Luanda, visitantes havia que para além do seu trabalho tinham como ponto a visitar as tais sessões de Fado, era parte do seu programa de viajem.

Com grande pena minha não tenho nenhuma foto da sala que é espantosa, um rectângulo com um pé-direito que albergava um varandim que se estendia pela sua metade.

Acontecerem noites inesquecíveis, lembro em particular uma em que surgindo o Rui Mingas por lá, acabámos já de manhã numa mistura de Fado e musica Angolana onde o Rui que não aparecia a cantar há anos, nos foi mostrando o que tinha guardado no bau, coisas que acontecem não se programam.

Com infinita paciência o Jeronimo na guitarra e o Purificação na viola, onde se juntava por vezes o Nito, iam acompanhando quem aparecia e enquanto houvesse "fregueseses" a coisa lá ia decorrendo.

O grupo foi-se alargando, era sucessivamente convidado para os mais diversos sitios, chegou inclusivé o Embaixador de Portugal na altura, a pedir para se ir cantar a sua casa para convidados que tinham vindo de Lisboa, noutros casos ainda, lá iamos aos mais diversos sitios de Angola porque os pedidos foram surgindo.

A este grupo ainda juntaram-se algumas alunas da Escola Portuguesa, que pela sua qualidade se foram afirmando como cantoras de grande potencial, o Purificação como seu professor na Escola encarregava-se de lhes ir metendo o bichinho.

Não faziam parte deste grupo apenas portugueses, angolanos e angolanas foram também surgindo e ficando.

Uma coisa foi sempre certa, mais do que a qualidade dos cantores, que como amadores faziam o que conseguiam, o Fado era o traço de união nos mais diveros sitios, ouvido quase sempre com aquela "religiosidade" necessária, por todos os que iam acorrendo às funções.

Continua ainda a acontecer em Luanda quase todos os fins de semana num traço de saltimbancos, lá vai indo com os mesmos musicos e as vozes que acontecerem estar disponíveis, onde calha acontecer.

Que não se perca, um dia destes vou aí.


Muito Grave

Tive hoje um impulso para comentar mais uma "medida governamental", mais do que ponderar as palavras, devo confessar que me auto-censurei por hipotéticas consequências, que mais do que poderem atingir-me, poderia ter efeitos colaterais.
É grave o que se vai instalando, quer queiramos ou não.

17 agosto, 2007

Sopa de Beldroegas


É divinal e fui encontar uma receita por aqui:


aqui vai:

Numa frigideira frite carne magra, entremeada e entrecosto, depois de bem fritinha escorra a gordura para um tacho onde coloca cebola às rodelas finas, alho picado, tomate, louro e as beldroegas (só as folhitas) e deixe refogar. Pele e corte batatas às rodelas com espessura de 0,5cm, junte água e deixe cozer, deite ovos, para escalfar, e queijos de cabra meia cura. Sirva com sopas de pão juntamente com a carne.

Bom apetite.....

16 agosto, 2007

Lembrando tempos divertidos

Pelos idos de 60 a 70, era normal haver nas mais diversas colectividades de Almada e arredores, bailes animadissimos, que eram "abrilhantados" por vários Conjuntos Musicais, as funções aconteciam sábado à noite domingo à tarde e por vezes ainda domingo à noite, isto alternadamente nas diversas salas, e com toda a intensidade na época de carnaval.

Ficavamos extasiados, não só com as meninas mas também com a arte e engenho dos musicos que iamos ouvindo e vendo nos palcos daqueles salões, estava lançado o bichinho para nos metermos a musicos também.

Em casa nem pensar em musicas, tinhamos era que estudar ou os menos afortunados que trabalhar e ser cumpridores.

Junto o grupo dos futuros musicos começávamos por distribuir entre nós os diversos instrumentos, melhor dizendo a candidatura aos mesmos, os que conseguiam algum dinheiro, muito pouco sempre, lá compravam uma viola na feira ladra, estava dado o tiro de partida.

Havia na altura uns manuais de posições correspondentes aos tons para viola, que se vendiam no Custódio Cardoso Pereira ali ao Rossio, bem baratos, mas era alguma coisa, e vai de começar a função, para bateria qualquer lata e dois paus já ajudava e de que maneira.

Um dia um habilidoso qualquer descobriu que as pastilhas dos bocais dos telefones publicos podiam ser adaptadas e com uns fios ligava-se a coisa ao rádio lá de casa tornando-se o instrumento electrico, o resultado era brilhante, a companhia dos telefones passava a vida a repôr pastilhas e os rádios de casa de vez em quando lá estoiravam, quando não davam choques se iam aguentando por amor à musica.

Salvo rarissimas excepções, alguns que tinham andado nas filarmonicas, ninguém sabia uma nota do tamanho do Cristo Rei.

Depois de rodada a banda, e com o apoio mais ou menos louco do pai de alguém, lá se conseguiam comprar os primeiros instrumentos, geralmente usados, que ficavamos a pagar a prestações normalmente longuissimas e sem juros.

Com a maior das calmas, lá iamos com a tralha às costas tocar de borla depois de vários pedidos e cunhas metidas. Para começar, a formação era a do costume, três violas e uma bateria, tudo ligado a um unico amplificador, com umas colunas feitas por um habilidoso e um unico microfone, o som era um desastre completo, mas a vontade era mais que muita.

O que desafina-se menos cantava, e mesmo que não soubesse inglês, fazia de conta.

Passado algum tempo lá se começava a receber algum dinheiro, que ajudava a pagar o transporte e a amortizar a divída a quem tinha "confiado" nos talentos em desenvolvimento.

O que nos divertiamos pagava tudo, e por outro lado já podiamos olhar de cima para as miudas, eramos musicos e tocavamos num conjunto, como se dizia na altura.

Estes Conjuntos, prefiro chamar assim, eram de rotação constante, a tropa punha e dispunha nas formações que frequentemente tinham que substituir os que se iam forçosamente ausentando.

Demorava tempo, diria anos, até que finalmente conseguissemos vêr algum dinheiro em troca, o que como é de calcular, ajudava ainda mais à vontade de prosseguir uma carreira (aqui para nós destinada ao anonimato), na maioria dos casos, alguns houve que foram bem mais além porque de facto tinham mesmo talento, lembro-me do meu amigo Zé Nabo, hoje musico conceituadissimo, se alguém o vir, um abraço para ele.

Isto sucedeu por todo o País, era o tempo dos musicos de carne e osso.

Palavras Sábias

Andando por aí descobri e passo a citar:

"Nada tenho a ver com estes realejos literários que por aí se editam. Tenho profundíssimo respeito, admiração e consideração por Agustina, Saramago, Mário Cláudio. Não vendem fruto com bicho. O resto, deixou de me interessar. A maioria está a escrever sobre a vidinha, sem ter experimentado a vida, sem a ter arriscado. São escritores que vendem muito bem, põem gel no cabelo e na escrita. A literatura, como o jornalismo, deve ser moral em acção, e ambos são tão perigosos como a prática do alpinismo."

Batista Bastos - Numa entrevista ao site da SPA

13 agosto, 2007

Lou Rawls Lady Love Live

Também faz parte do muito que "ensinaram" a ouvir.
Por vezes parece de veludo a forma como canta pela suavidade e tremendo balanço que coloca na voz, como se tudo fosse de uma simplicidade total, brotando assim sem mais nada, apenas porque existe.
Também teve uma participação social relevante, Infelizmente já desaparecido.
Se alguém descobrir uma gravação sua onde cantava Little Drummer Boy, não percam é sublime.

02 agosto, 2007

Lueji


Tive a oportunidade de trocar algumas palavras com PEPETELA, já que era "freguês" habitual das fadistices que iam acontecendo por Luanda.

Foi então que lhe disse, que sendo seu fiel leitor, o romance Lueji, tinha sido o mais dificil de ler, por circunstâncias de vida na altura, e acima de tudo pela forma como o mesmo é construído e se vai desenrolando.

Isto não impede que o considere, pelo menos para mim, um dos mais fascinantes.

Aproveitem as férias e procurem-no.

Fica uma simples sugestão