05 julho, 2007

"Quando um homem anda a direito a estrada nunca se entorta".

Dizia Henrique Viana

A frase retirei do DN de hoje, ainda lendo o artigo em causa está o percurso de vida onde me chamou à atenção esta passagem:

Aos 11 anos empregou-se numa loja de fazendas - começou como moço de recados e terminou como caixeiro, já com 18 anos. Foi tipógrafo, empregado num escritório de advogados, vendeu electrodomésticos porta-a-porta e foi funcionário no Ministério das Obras Públicas. Mas Henrique Viana queria mais. Aos 16 anos passou-lhe pela cabeça ser futebolista e foi oferecer-se ao seu clube, o Benfica - mas só aceitavam jovens com 17 anos. Depois, andou com a mania de ser toureiro.

Assenta como uma luva no Calinas que vi no Adoque, nos anos 70, onde se faria do melhor teatro de revista.

Foi chamado para outros palcos onde o elenco de qualidade começa a ser cada vez mais numeroso.

Doí perder referências e gente de tanta qualidade e simplicidade numa altura em que qualquer anormal se coloca em bicos de pés, empurra tudo e todos para se mostrar.

Se calhar ainda sou do tempo em que as carreiras se faziam com trabalho e humildade, coisas cada vez mais em desuso.


2 comentários:

Coca disse...

Amigo Pisca, doeu-me a morte do Henrique Viana e percebo tão bem a sua prosa sentida. Não o conheci pessoalmente, por isso tenho dele a imagem que construi da televisão e do teatro. E é uma imagem terna de um homem, actor, que me fez libertar sorrisos, mais fortes que muitas gargalhadas, justamente pela simplicidade com que as suas personagens revelavam os cromos, que afinal somos todos nós. Morreu com a certeza de que fez o caminho sempre a direito, em estradas recentes cada vez mais tortuosas. Onde ele estiver estará em paz.
"No céu, ao menos não há barreiras, nem as aves riscam fronteiras, nem colocam vidros partidos nas nuvens" in José Gomes Ferreira.
Um abraço sentido

Pisca disse...

"Sou de Lisboa
Nasci num bairro fadista
P'ra i à toa
Cresci ninguém deu por isso
Sou inducado
Bom Rapaz, tenho maneiras
Canto o Fado, pago Fiado,
Sou o fim c'as estrangeiras
Mas sem peneiras"

de Calinas num Single em Vinil bem antigo

Obrigado pelo seu comentário Coca
Partilhamos o mesmo desgosto