12 junho, 2007

Perdidos no Nada


Nas minhas voltas por bem longe, aconteceu-me vir a encontrar Portugueses nos mais diversos sitios, estamos por todo o lado não há volta a dar.

Por vezes até é bom, normalmente vamos dar por compatriotas nossos em restaurantes espalhados pelo mundo, o que acaba sempre por ser desastroso, no bom sentido, olha aquele jantar num pequeno restaurante de Joanesburgo, ou bem pior o que se seguiu, especialmente na manhã seguinte que foi tremenda.

Mas não era disso o que queria falar.

Em Angola e não quero falar de Luanda, isso já é um lugar comum, com afirmações bem aberrantes de quem de repente se viu com o que nunca sonhou poder ter. "Quem nunca comeu mel quando come se lambuza".

Indo para mais longe fui encontrar Portugueses nos mais diversos sítios, uns que sempre por lá estiveram, outros por necessidade ou incapacidade foram ficando, ou foram-se ajustando à vida possível.

Por entre amores-desamores, foram-se transformando, sem nunca perderem de vista o seu Benfica/Sporting/Porto, a ordem é arbitrária, os filhos foram acontecendo, é normal nestas paragens e a nova forma de vida foi-lhes entrando pela porta e pela alma.

Bem no meio do mato há gente que vive, não diria adaptada, mas não encontro outro termo, são casos resultantes de idas à procura de melhor vida, confiados muitas vezes em promessas mal explicadas, ou ainda largados à sorte e incapazes de "retornar" ao lugar de origem, quem os convenceu a ir já desapareceu ou pôs-se à margem depois de ter extraído o resultado previsto.

Outros há, que por força de ligações nem sempre claras, foram ficando e sobrevivendo de pequenos trabalhos aqui e ali.

Conheci também quem anos passados, perdeu o porquê de voltar, e já que sempre estiveram ali, então ali continuam, para quê voltar.

Surgem por vezes quase do nada, olhamos e lá estão eles. Nós os que vamos e vimos somos aves raras, porque os que lá estão e vão ficando, sem estar na sua terra já não conseguem olhar o horizonte e procurar ver além do mesmo, o sitio de onde partiram. Nós somos estranhos.

Se são felizes ? Não faço a mais pequena ideia nem nunca perguntei, corria o risco de me dizerem que sim e eu próprio acabar por concordar e ficar também.

2 comentários:

Ninas disse...

Encontrei um gerente de loja português no SriLanka!

Pisca disse...

Estamos por todo o lado.
Pergunta-se é porquê ficamos ou continuamos lá ?

Bom fim de semana para si com mto sol